O lendário artista dos quadrinhos, George Pérez, que ajudou a definir o visual da DC Comics na década de 1980 e desenhou o crucial evento crossover Crise nas Infinitas Terras, faleceu na última sexta, 6 de maio. Ele tinha 67 anos. Pérez anunciou seu diagnóstico de câncer em dezembro, revelando que tinha câncer de pâncreas em estágio 3. Pérez disse aos fãs na época que ele havia optado por renunciar à quimioterapia, que lhe disseram ter poucas chances de sucesso e, em vez disso, passar o máximo de tempo possível com sua família, amigos e fãs. Desde que anunciou sua doença, Pérez foi fotografado nos escritórios da DC e agendou alguns eventos de autógrafos e encontros com os fãs.

"No dia 29 de novembro, recebi a confirmação de que, depois de passar por uma cirurgia no fígado, tenho câncer de pâncreas em estágio 3", disse Pérez aos fãs via Facebook. "É inoperável cirurgicamente, e minha expectativa de vida estimada é entre 6 meses a um ano. Tive a opção de quimioterapia e/ou radioterapia, mas depois de pesar todas as variáveis ​​e avaliar quanto dos meus dias restantes seriam devorados por consultas médicas, tratamentos, internações hospitalares e lidando com a burocracia muitas vezes estressante e frustrante do sistema médico, optei por deixar a natureza seguir seu curso e aproveitarei o tempo que me resta o máximo possível com minha linda esposa de mais de 40 anos, minha família, amigos e meus fãs."

Em 2019, Pérez anunciou sua aposentadoria dos quadrinhos, citando problemas de visão e outros problemas de saúde. Ele continuou a fazer aparições em convenções (sempre que possível, dada a pandemia de Covid-19) e a assumir comissões e dar autógrafos.

Nascido em 9 de junho de 1954, Pérez é um dos poucos artistas a ter passagens historicamente significativas como desenhista tanto em Os Vingadores da Marvel quanto em Liga da Justiça da América da DC. Ele começou sua carreira de quadrinhos como assistente do artista do Quarteto Fantástico, Rich Buckler, no início dos anos 1970, e faria sua estreia como artista em uma edição de 1974 de Marvel's Astonishing Tales, na qual desenhou uma paródia de duas páginas de Deathlok, um personagem criado por Buckler.

Não demorou muito para Pérez se tornar um marco na Marvel, desenhando Sons of the Tiger em The Deadly Hands of Kung-Fu, do escritor Bill Mantlo. Os dois criaram o Tigre Branco juntos, o primeiro super-herói porto-riquenho da Marvel, e a popularidade do artista logo o levou a maiores alturas.

Pérez tornou-se um nome familiar para os fãs de quadrinhos quando se juntou à equipe criativa de Os Vingadores em fevereiro de 1978. Durante seu tempo no título de equipe de estreia da Marvel, Pérez co-criou personagens como Henry Peter Gyrich e o Treinador.

Um ano depois, em 1979, ele desenharia um Quarteto Fantástico Anual, que impulsionaria a parceria criativa chave de sua longa carreira. Na história "Pat's-Paw", Pérez colaborou pela primeira vez com o escritor e editor veterano Marv Wolfman.

Pérez não era exclusivo da Marvel e, em 1980, começou a trabalhar também para a DC Comics. Pérez queria uma chance na Liga da Justiça da América, que veio após a morte do artista de longa data Dick Dillin. Enquanto ele desenhava as aventuras da Liga da Justiça, porém, ele e Wolfman começaram a colaborar em The New Teen Titans, uma reinvenção da equipe de ajudantes da Era de Prata de Bob Haney que mudaria tudo. Entre outras coisas, Pérez e Wolfman apresentariam o personagem Exterminador e contariam a história de O Contrato de Judas, amplamente considerado uma das melhores histórias de super-heróis de todos os tempos.

Os Novos Titãs consumiriam grande parte dos próximos quatro anos da carreira de Pérez, até que ele tirou uma licença em 1985 para trabalhar com Wolfman em Crise nas Infinitas Terras, um enorme evento de crossover que foi estrelado por todos os personagens e realidades alternativas de propriedade da DC. 

Em 1987, Pérez trabalhou com os escritores Greg Potter e Len Wein para reinventar a Mulher Maravilha para a era pós-crise. Como plotter e artista, Pérez criou um vínculo mais forte entre a Mulher Maravilha e os deuses da mitologia grega. Sua tomada se tornaria a versão definitiva da Mulher Maravilha, com cada reinvenção subsequente de sua história se apoiando fortemente na influência de Pérez.

Pérez também trabalharia periodicamente nos títulos do Superman, com uma contribuição notável sendo suas tintas sobre os lápis de John Byrne na história Superman/Mulher Maravilha em Action Comics #600. Quando Byrne, Wolfman, Jerry Ordway e outros grandes nomes da década de 1980 assumiram uma programação de publicação de três vezes por mês do Superman , Pérez assumiu a Action Comics por um tempo, mas acabou tendo que deixá-la para trás quando descobriu que estava fazendo as duas coisas. Os títulos emblemáticos de Superman e Mulher Maravilha consomem muito tempo.

Em 1991, Pérez planejou o enredo da Guerra dos Deuses em Mulher Maravilha, que a DC expandiu para ser um crossover de toda a linha. Após inúmeros conflitos com o editorial, Pérez manifestou interesse em voltar para a Marvel, e a oportunidade surgiu com The Infinity Gauntlet. Infelizmente, ele só terminou quatro edições dessa série antes de se deparar com questões de prazo. A Marvel o substituiu nas duas últimas edições pelo artista Ron Lim, embora Pérez tenha permanecido para cobrir as capas. Pérez trabalhou em outros vários projetos ao longo dos anos.

Mesmo em seus últimos dias, Pérez continuou a amar quadrinhos e seu fandom. Antes de uma passagem pelo hospital em fevereiro, ele disse por meio de seu porta-voz: "A força que tenho e a vontade de perseverar vêm em grande parte de todos vocês. Obrigado".

Nossas mais profundas condolências à família e colaboradores do Sr. Pérez.